Certamente você já ouviu muitas vezes que não devemos fazer atividade física em jejum, certo? Então, por que atualmente fala-se tanto em exercício aeróbio em jejum?
É boa ou má estratégia? Pode ser perigoso?
Entenda tudo isso neste artigo!
Aeróbio em jejum funciona?
Dizem que gastamos mais gordura quando o exercício é feito em jejum!
Aeróbio em jejum é boa ou má estratégia?
Aeróbio em jejum é perigoso?
Concluindo
Aeróbio em jejum funciona?
Não é difícil conhecer pessoas que não gostam de tomar café da manhã e que, inclusive, sentem-se mal ao se exercitar logo após o desjejum.
E apesar de todo o mito sobre passar mal em fazer atividade física em jejum, muitas pessoas se sentem muito bem em fazê-lo!
Inclusive, muito melhor do que se elas tivessem ingerido qualquer tipo de alimento! Mas até que ponto isso é adequado?
Dizem que gastamos mais gordura quando o exercício é feito em jejum!
Primeiro, vamos entender um pouquinho do uso dos substratos energéticos para compreender o raciocício dessa teoria.
Quando começamos a fazer exercício físico, nosso corpo gasta, predominantemente a glicose sanguínea e a muscular para produzir energia.
Em condições normais, ou seja, previa e adequadamente alimentado, nosso corpo passa a utilizar, predominantemente a gordura corporal como principal fonte energética.
Após 20-30 minutos de exercício e, ao estar em jejum, essa utilização de gordura passa a ser predominante em menor tempo de exercício.
No entanto, essa maior utilização de gordura é uma quantidade muito pequena, insignificante.
Alguns estudos apontam que aumenta-se o uso da gordura em 2,5-3 gramas de gordura (quando comparado a exercitar-se alimentado, em sessão de mesma duração e intensidade). Convertendo esse valor em calorias, isso representa apenas 30kcal!
A título de comparação, uma colher de chá de açúcar refinado, contém 20kcal!
E para ilustrar ainda melhor, se somarmos esse gasto calórico em um mês (lógico, fazendo o aeróbio em jejum todos os 30 dias do mês), o valor mensal será de 900kcal, o que representa 100 gramas de gordura a menos em 1 mês!
Portanto, sim, gasta-se mais gordura ao se exercitar em jejum, mas esse valor é insignificante.
Aeróbio em jejum é boa ou má estratégia?
Apesar de parecer muito interessante, para quem quer eliminar maiores quantidades de gordura corporal, é mais relevante pensar na quantidade de calorias que está sendo perdida!
E não somente no substrato energético durante a sessão de treino!
A intensidade do treino é muito relevante e, ao fazer o exercício em jejum, dificilmente será possível manter a intensidade do exercício em alta/vigorosa e, com isso, perde-se dois fatores importantes para o emagrecimento:
1. Não aumentar o gasto calórico durante a sessão de treinamento, pois quanto mais intenso for o exercício, maior será seu gasto calórico;
2. E, quanto mais intenso for o treino, mais eleva-se o metabolismo pós treino, sendo viável deixá-lo mais acelerado por horas após o final do treino, o que possibilitará ao corpo gastar mais calorias que o usual, mesmo após horas do término do exercício. Como o jejum dificulta a realização do treino em maior intensidade, perde-se esse benefício, que é significativo.
Ambos vão garantir que o corpo estará gastando mais calorias que o usual, mesmo após horas do término do exercício, independente de ser gordura, ou glicose.
O organismo se “reajusta”! Se ele consumiu muita glicose no exercício e, precisa repor seus níveis aos padrões normais, ele converterá a gordura em glicose, para suprir as necessidades do corpo.
Há ainda, mais uma questão negativa: o jejum também predispõe o catabolismo proteico, ou seja, o consumo de tecido muscular para a produção de energia, portanto é possível que músculos sejam degradados para que exista energia o suficiente para auxiliar na continuidade da sessão de aeróbio.
Aeróbio em jejum é perigoso?
Sim, dependendo da pessoa!
Algumas pessoas não toleram o exercício em jejum e a baixa glicose sanguínea pode causar tontura e desmaio.
Concluindo…
A ciência não mostra que o aeróbio em jejum emagreça mais.
Para que o exercício em jejum alcance o mesmo gasto calórico do que o alimentado (que pode ser realizado em maior intensidade), será necessário que a duração da sessão de treino seja superior, exigindo maior tempo disponível para se exercitar.
Leia também: Por que é tão importante trocar de treino periodicamente?
Por Personal Trainer Jennifer Áquila
NOTA SOBRE O AUTOR:
A personal trainer Jennifer Aquila, CREF 062048-G/SP, é bacharel em Educação Física pela UNESP – Rio Claro. Especializada em Fisiologia do Exercício pelo CEFE – UNIFESP e, em Biomecânica do Exercício pelo CEFIT.